6 de abril de 2013



 

Hola, meus queridos amigos! Cá estou eu de novo para escrever-lhes em meu espaço mensal aqui no Blog da Escola de Equitação Vida a Cavalo.

Neste mês, gostaria muito de compartilhar com vocês a oportunidade, a honra e a felicidade que tive de ter conhecido e montado no lombo da querida éguinha chamada “Bá”. Inicialmente, por si só, seu curioso nome já desperta nossa imaginação... Afinal, por que será que uma égua teria esse nome?...

Pois bem, conto-lhes: quando ela chegou à escola de equitação, estava tão fraquinha, descuidada e suja, em função de seu passado de maus tratos, que meu professor, como bom representante sul-rio-grandense, não conseguiu dizer outra palavra, se não: “Bá...”!!!!.....  Não preciso dizer mais nada, né...?! Meu professor acabava de empregar a expressão “bá” no seu sentido mais pejorativo, dentre os milhares de significados de “bá” possíveis (positivos ou negativos), dependendo da entonação, etc, etc.

Porém, apesar deste “bá” não tão hospitaleiro, esta éguinha pareceu agarrar-se com tudo nesta nova oportunidade que surgia em sua vida. Começou a fortalecer-se (fisicamente e mentalmente), a ter o pêlo e o semblante brilhosos. E percebeu que não só os alunos que passavam a montá-la estavam ali para aprender: ela também tinha um mundo de novidades para assimilar e...aprender. Isto porque, na escolinha de equitação, ela era a única éguinha que não saltava (ainda) sobre os obstáculos. Eu, então no auge de meus nove anos de idade, adorava montá-la, apesar disto, pois ela era de uma leveza e de um conforto em suas andaduras que qualquer outro porém era compensado. Além disto, minha identificação com ela também se justificava pelo fato de eu ainda estar processando o que significava saltar, em termos físicos, emocionais, etc, etc. E ela também.

Até que, em um belo dia de aula em que eu montava na “Bá”, meu professor disse: “Vamos lá! Vamos saltar!”. Bom, até eu entender e aceitar que não se tratava de uma brincadeira, “pegadinha”, ou coisa parecida, pois, até então, o fato de a “Bá” não saltar era decreto incontestável, meus nervos já me consumiam toda e qualquer concentração. Pois bem, se tem uma coisa que o esporte ensina é ter coragem, preparar-se e “já”! E lá fomos nós: a “Bá” e eu para a nossa primeira curva que antecedia nosso primeiro obstáculo a transpor juntas. Aqui, faço um parênteses, pois, quem salta deve sentir isto também: a curva que antecede um obstáculo é divina...desde o olhar já fixo no obstáculo, calculando o raio perfeito da curva com a física do instinto, do coração, e os lances de galope da reta final, esperando que o obstáculo chegue, até a confirmação do salto, com o aumento da pressão de pernas e o voo, quando os anteriores do cavalo decolam, aí reside algo que não sei...não sei se é arte, divindade, ciência..não sei...talvez a graça esteja aí mesmo...em não saber definir...apenas sentir...

E foi exatamente isto que senti saltando com a “Bá” desde nossa primeira curva juntas. E é por isso que até hoje, quase 20 anos mais tarde, ainda lembro a sensação...a visão daquele pescoço negro e crinas fartas esvoaçantes e a alegria que ela me proporcionava, me carregando para o alto...E foi com esse sentimento de satisfação, diversão, que algumas medalhas vieram. E, independentemente da cor de qualquer medalha, quando ela é conquistada assim, com estes sentimentos, nada pode valer mais...Para mim, isto é o ápice em um esporte...esta sensação do encantamento e deleite pela prática em si...e o resultado...ah, o resultado é só consequência do sucesso desta parceria...quando ambas as partes selam um pacto no caminho do paddock até a porteira da pista: “Vamos nos divertir!”...

“Bá”, agora, mais do que o nome desta égua que tanto me ensinou, é também a única expressão que encontro para definir, de uma forma mais ou menos fiel, a liberdade de saltar com a...”Bá”...Quando não se consegue dizer mais nada além disto...

 

Qualquer sugestão, crítica, troca de informações e opiniões, é só escrever! Deixo aqui meu e-mail para quem quiser entrar em contato: ester_lp@yahoo.com.br

Espero que tenham tido um bom momento ao realizar esta leitura! Até o mês que vem! Desejo muito pé no estribo a todos!

 

Ester Liberato Pereira
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)

Professora de Educação Física CREF 014183 – G/RS – Integrante equipe Centro de Equoterapia Cavalo Amigo – www.cavaloamigo.com.br
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) /Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Bolsista CAPES
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/ 

 


                                                               Bá e Ester(Acervo Pessoal)
 


 

28 de fevereiro de 2013


A História do Hipismo

 

O hipismo é a única modalidade  em que atleta e animal formam um conjunto. E a importância de cada um é de tal forma dividida que o hipismo também é um dos poucos esportes em que homens e mulheres competem uns contra os outros. A história da modalidade se confunde com a história da própria civilização, quando o homem começou a usar o cavalo como meio de locomoção e passou a adestrá-lo. Mas foi só em 1921 que foi criada a Federação Eqüestre Internacional. A esta altura, o hipismo já era largamente praticado em suas três categorias.

Saltos é a categoria mais conhecida e, dependendo da competição, ganha quem percorrer um trajeto determinado no menor tempo possível, derrubar o menor número possível de obstáculos ou somar o maior número de pontos. No adestramento, o vencedor é determinado por uma avaliação de juízes, que julgam as performances nos movimentos obrigatórios e na coreografia livre. Por fim, o concurso completo de equitação (CCE) é uma categoria cuja disputa dura três dias, envolvendo adestramento, prova de fundo (subdividida em quatro etapas) e saltos.

Amizade entre o homem e o cavalo remonta os princípios da civilização, quando o animal começa a ser usado como meio de locomoção. Conduzindo os soldados nas guerras, participando das famosas caçadas à Inglaterra. 
O cavalo sempre foi presença obrigatória e bem amada na vida do homem. Hoje, raramente ele puxa um arado, foi substituído pelo automóvel . E cavalgar transformou-se num esporte: o hipismo praticado por homens,mulheres e crianças.

Esporte conhecido pela elegância , o hipismo surgiu do costume de nobres europeus, especialmente ingleses, de praticarem a caça à raposa, quando os cavalos precisavam saltar troncos, riachos, pequenos barrancos e outros obstáculos que os caçadores encontravam pelas florestas. O desenvolvimento da atividade ocorreu no século XX, com a criação das primeiras pistas com obstáculos exclusivamente para a prática de saltos.

O esporte tem como linha básica para um bom resultado a integração entre o conjunto (cavaleiro/cavalo). E com o passar do tempo o comportamento do cavaleiro foi mudando, buscando facilitar o trabalho do animal. Inicialmente, o montador ficava com o corpo na vertical, forçando o seu equilíbrio nas rédeas e no estribo.

No final do século XIX, o italiano Frederico Caprilli decidiu deixar a cabeça e o pescoço da montaria livres, sem alterar o equilíbrio do cavalo no instante do salto. Atualmente, os cavaleiros mantém o corpo inclinado para a frente, acompanhando a direção do animal na transposição do obstáculo.

O hipismo fez parte do programa da primeira Olimpíada da Era Moderna, em 1896, em Atenas, como esporte de demonstração. Entretanto, somente foi incorporado definitivamente aos Jogos Olímpicos em 1912, em Estocolmo. 
Uma característica particular do hipismo é que homens e mulheres podem competir juntos com as mesmas possibilidades de vitória, diferentemente de outros esportes, em que a performance masculina é superior devido à maior força física. Além da categoria da amazona ou cavaleiro e da integração entre animal e condutor, o importante é contar com uma montaria saudável e bem condicionada. Sem divisão por sexo, os competidores são separados conforme a idade: minimirim (oito a 12 anos), mirim (12 a 14), juniores (14 a 18) e seniores (acima de 18). As entidades que dirigem o esporte costumam utilizar também as seguintes sub divisões: principiantes, aspirantes, jovens cavaleiros, seniores novos, veteranos e proprietários.

Além do salto, os esportes eqüestres têm outras modalidades. Nos Jogos Olímpicos são disputados também o adestramento, (em que o cavalo executa movimentos cadenciados, em perfeita harmonia com o cavaleiro); concurso completo de equitação, (disputado em três dias com provas de adestramento, corrida no campo com obstáculos naturais e artificiais, de resistência ao trote e salto); enduro, entre outros.


9 de fevereiro de 2013


O CAVALO

 

Buenas, meus queridos amigos! É com muito prazer que volto a escrever-lhes em meu espaço mensal aqui no Blog da Escola de Equitação Vida a Cavalo.

E, neste mês, é justamente acerca do nosso amigo cavalo que eu gostaria de discorrer um pouco e compartilhar aqui com vocês. Em meio às minhas leituras aqui, deparei-me com as palavras do naturalista, matemático e escritor francês Georges-Louis Leclerc, mais conhecido como conde de Buffon, que viveu entre 1707 e 1788. Compartilho aqui com vocês tais palavras:

O cavalo

            “A mais nobre conquista do homem é o cavalo, animal generoso e garboso, que compartilha com ele os riscos da guerra e a glória das batalhas. Afronta intrépido os perigos, acostuma-se ao barulho das armas e anima-se paralelamente ao guerreiro que o guia. Animal tão dócil como enérgico, não se deixa levar pelo seu ardor; sabe reprimir seus movimentos, obedece à mão de quem o governa e até adivinha os seus desejos; cedendo com precisão admirável aos impulsos que recebe, precipita-se, acalma-se ou para e não dá um passo que não seja para satisfazer os referidos impulsos; é um animal que renuncia ao seu próprio ser; não vive mais senão para satisfazer a vontade do seu dono e até prever essa vontade, expressando-a com a rapidez e precisão de seus movimentos. Compreende o que dele se solicita e nunca se excede ao realizar o que se lhe ordena; abandonado sem reservas, nada reclama e no cumprimento de seu dever emprega todas as suas energias até esgotá-las e, se for preciso, sabe morrer para obedecer melhor”. (Buffon)

            Dentre tantos aspectos que podemos debater acerca deste texto, escrito no século XVIII, percebemos, primeiramente, o quanto a parceria homem-cavalo já estava consolidada neste período, especialmente na Europa. Porém, mesmo considerando que o texto foi escrito há muito tempo, e que, em decorrência, expressa o entendimento que se tinha na época acerca da relação homem-cavalo, algo segue em comum até hoje: estabelecer uma relação saudável, positiva e clara com um cavalo, foi, é e seguirá sendo uma conquista e tanto para um ser humano. Isto porque, como diz nossa sábia médica veterinária Denise Bicca Fernandes, ao envolvermo-nos com um cavalo, tornamo-nos seres humanos melhores, encontramos significado maior na vida e, ainda, fazemos do mundo um lugar melhor (FERNANDES, 2009b).

            Contudo, algo expresso no texto de Buffon e que, atualmente, já superamos, é a noção de que a associação do cavalo ao ser humano deva existir dentro dos limites da obediência. Ao contrário, hoje, já temos consciência, conhecimento e sensibilidade suficientes para saber que a agregação do cavalo conosco deve ocorrer por vontade livre dele, na qual o desempenho do cavalo pode crescer até seu potencial máximo (FERNANDES, 2009a).

Ao referir-se a “adivinhar os desejos de seu dono”, “precisão dos impulsos”, provavelmente, Buffon está considerando a percepção aguçada que os cavalos possuem, uma vez que são animais de fuga. Cavalos são tão sensitivos que podem detectar alterações proprioceptivas (de equilíbrio) que um cavaleiro faz inconscientemente, apenas por modificar o foco visual, mesmo que este não faça movimentos conscientes. Daí, possivelmente, a sensação de que nosso cavalo está “adivinhando” a nossa próxima intenção de movimento, quando, na verdade, trata-se de sua sensibilidade extremamente aguçada.

É também graças a outra característica do cavalo que conseguimos tê-lo como aliado em tantas e diversas atividades: seu aprendizado veloz. Uma presa, em seu estado natural, como é o cavalo, precisa aprender rapidamente a distinguir do que deve fugir e do que não precisa fugir, a fim de economizar energia para quando o perigo realmente estiver por perto. Assim, dentre os animais domésticos, é aquele que aprende mais rápido (FERNANDES, 2009). Somente desta forma é que é possível explicar sua capacidade, por exemplo, de acompanhar os homens nas guerras e batalhas, de que fala o texto de Buffon. Ao aprender o que se espera dele em um ambiente hostil destes, bem como, o que lhe causa perigo e o que não lhe causa temor, o cavalo conseguia enfrentar tais desafios, assim como atualmente, compor parte das atividades das polícias montadas.

Ainda em tempo, em seu texto, o autor francês ainda deixa clara uma compreensão da qual devemos lembrar sempre ao estarmos próximos de um cavalo e observarmos suas ações: o cavalo possui uma capacidade enorme de perdoar, de tentar entender o que querem que ele faça/não faça, enfim, o que esperam dele, mesmo sem, muitas vezes, minimamente tentarem entender e expressar na sua linguagem, que é a linguagem corporal, a qual Monty Roberts, conhecido como o “encantador de cavalos”, batizou de Equus (ROBERTS, 2003).

Portanto, seja no século XVIII ou no século XXI, algo há em comum: ainda temos muito que aprender com esses nossos amigos de crinas e caudas...

Poderíamos seguir aqui discutindo muito ainda sobre a riqueza deste texto de tanto tempo atrás e de tudo que ainda persiste e daquilo que o ser humano, mesmo que paulatinamente, já conseguiu atualizar-se e compreender melhor. O que segue nos motivando é que ainda há muito que aprender quando se fala em... cavalo...

Qualquer sugestão, crítica, troca de informações e opiniões, é só escrever! Deixo aqui meu e-mail para quem quiser entrar em contato: ester_lp@yahoo.com.br

Espero que tenham tido um bom momento ao realizar esta leitura! Até o mês que vem! Desejo muito pé no estribo a todos!

 

Referências:

 

          FERNANDES, Denise Bicca. Apostila Curso Gallop Natural Horsemanship. Porto Alegre, CD-ROM, 2009a.

 

          FERNANDES, Denise Bicca. Comunicação = avenida de duas mãos. 2009b. Disponível em: http://www.horsemanship.com.br/index.php. Acesso em: 21 jun. 2010.

 

          ROBERTS, Monty. O homem que ouve cavalos. Tradução de Fausto Wolff; revisão técnica, Laura Rossetti Barretto Ribeiro. – 5ª ed. – Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 350 p., 2003.

 

Ester Liberato Pereira
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)

Professora de Educação Física CREF 014183 – G/RS – Integrante equipe Centro de Equoterapia Cavalo Amigo – www.cavaloamigo.com.br
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) /Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Bolsista CAPES
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/ 

 

Vagalume e Ester (Acervo Pessoal )

 

10 de janeiro de 2013


UMA PRÁTICA CULTURAL-ESPORTIVA SUL-RIO-GRANDENSE

 

Convido-os a iniciar nosso percurso de trocas de conhecimentos, informações, ideias, experiências e opiniões trazendo à tona uma das primeiras manifestações de práticas equestres com elementos de esportivização em nosso Estado: as corridas de cavalos em cancha reta, ou carreiras de cancha reta, como ficaram mais conhecidas. Apesar de esta prática constituir, durante muito tempo, o jogo preferencial dos homens que viviam nos campos gaúchos, ocorria também em nossa capital do Rio Grande do Sul: Porto Alegre. Segundo Golin (2004, p. 82), tais disputas faziam parte de negócios que envolviam significativos montantes em dinheiro e, simultaneamente, das brincadeiras típicas regionais do Rio Grande do Sul.

Já Rozano e Fonseca (2005, p. 34) acrescentam à definição para carreiras de cancha reta o fato de estas ocorrerem em pistas retas, sob a medida de quadras, em cancha capinada, ou seja, num solo sem vegetação. Ainda de acordo com os autores, tais disputas se configuraram como a forma de lazer mais bem-reconhecida que o Rio Grande do Sul possuiu durante muito tempo, encontrando seus principais fatores de sucesso nas numerosas apostas e no massivo público que as prestigiava. A apreciação do gaúcho pelo cavalo remonta à formação do Rio Grande do Sul enquanto Estado, encontrando-se este admirável animal sempre em cumplicidade com o homem, em tempos de guerra ou de paz (DREYS, 1990, p. 123).

Caracterizado como arrojado e amante do jogo e da bebida, o gaúcho “faz uma espécie de simbiose com o cavalo com o qual se desloca pelo pampa, com velocidade e destreza” (PESAVENTO, 2003, p. 213). Neste sentido, Rozano e Fonseca (2005, p. 34) atentam para o fato de que o cavalo já estava presente nos campos gaúchos desde o ano de 1737, ou seja, antes mesmo da fundação oficial da primeira povoação portuguesa na capitania do Sul. Importa destacar ainda que a definição desse território de fronteiras como propriedade brasileira está relacionada ao fato de que homens, montados a cavalo, ocuparam e defenderam tal espaço ao longo de muitas batalhas.

Destarte, o cavalo fez parte da história do Rio Grande do Sul durante suas diversas fases de ocupação, colonização e crescimento econômico. Já nos tempos de paz, as cavalhadas e corridas de cavalo se transformavam em oportunidades de diversão e entretenimento dos gaúchos. Atualmente, a quantidade de canchas de carreira diminuiu significativamente, restando destas alguns poucos exemplares localizados em determinadas cidades do Interior do Estado, como Bagé e Carazinho, por exemplo.

Durante todo o século XIX, o que predominara em termos de práticas entre os porto-alegrenses foram atividades lúdicas em recinto fechado: o teatro, a música, o baile, o recitativo, os bilhares e a antiga paixão ibérica do carteado. A população da pequena cidade de Porto Alegre, limitada por morros e por ruas estreitas, restringia-se a divertimentos urbanos, permanecendo a maior parte do tempo no interior de suas casas. A exceção ficava por conta dos imigrantes alemães e de seus descendentes, que se mostravam afeitos à ginástica e ao tiro ao alvo, e, posteriormente, ao remo. De meados do século XIX até a virada para o século XX, no que se refere ao lazer e às diversões ao ar livre, só há registros da presença do antigo costume gaúcho das carreiras de cancha reta. Tal forma de manifestação esportiva é, assim, condizente com a estrutura rural predominante da cidade, como anteriormente exposto a partir das ideias de Rozano e Fonseca (2005, p. 17).

Posteriormente, mais ao final do século XIX, mesmo atravessado pelos impulsos do desenvolvimento e pelas melhorias urbanas, buscava-se, neste cenário, uma maneira de conciliar a antiga paixão dos gaúchos: as corridas de cavalo. Rozano e Fonseca (2005, p. 36) referem que antes mesmo da inauguração do primeiro prado em Porto Alegre, muitas disputas ocorriam em trechos de estradas que davam acesso à cidade, ou seja, nas periferias ou mesmo em alguma várzea.

Bom, esta foi uma breve síntese de tudo o que se pode discutir acerca deste tema. Qualquer sugestão, crítica, troca de informações e opiniões, é só escrever! Deixo aqui meu e-mail para quem quiser entrar em contato: ester_lp@yahoo.com.br

Espero que tenham gostado da leitura! Até o mês que vem! Boas cavalgadas a todos!

 

Referências:

 

DREYS, N. Notícia descritiva da Província de São Pedro do Sul. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1990.

 

GOLIN, T. O povo do pampa: uma história de 12 mil anos do Rio Grande do Sul para adolescentes e outras idades. 3. ed. Passo Fundo: Ed. da UPF, 2004.

 

PEREIRA, Ester Liberato. As práticas equestres em Porto Alegre: percorrendo o processo da esportivização. -- 2012. 156 f. Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, Porto Alegre, BR-RS, 2012. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/56768/000861427.pdf?sequence=1>

 

PEREIRA, Ester; LYRA, Vanessa; MAZO, Janice. Corridas de cavalo em cancha reta em Porto Alegre (1852/1877): uma prática cultural-esportiva sul-rio-grandense. In: Revista da Educação Física/UEM. Maringá, v.21, n.4, 2010. Disponível em: <http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/viewFile/8164/6770>

 

PESAVENTO, S. J. (Org.). História cultural: experiências de pesquisa. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003.

 

ROZANO, M.; FONSECA, R. (Org.). História de Porto Alegre: Jockey Club. Porto Alegre: Nova Prova, 2005.

 

Ester Liberato Pereira
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)

Professora de Educação Física CREF 014183 – G/RS – Integrante equipe Centro de Equoterapia Cavalo Amigo – www.cavaloamigo.com.br
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) /Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Bolsista CAPES
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/ 

Pipoca, grande favorita da tarde, ganhou com grande clarão... (Revista do Globo, n. 413, p. 29, 22/06/1946)

 

RECONHECENDO UM PERCURSO

 

            Olá amigos e amigas da Escola de Equitação “Vida a Cavalo”! É com muito prazer que recebi e aceitei o convite dos meus amigos Upi, Alex e Otávio para compartilhar aqui com vocês, a partir deste ano, mensalmente, textos que envolvam nossos amigos cavalos.

            Tive a honra de conhecer os 3 (o Otávio ainda na barriguinha de sua mãe) ao sermos colegas da primeira edição do Curso de Formação de Instrutores de Equitação da Universidade do Cavalo (UC), em Sorocaba (SP), em fevereiro de 2011. A partir de então, identificamo-nos não somente como sul-rio-grandenses e gaúchos, mas também como amigos.

            Portanto, por meio deste espaço, vislumbro poder contribuir com todos vocês para compartilharmos conhecimentos e experiências relacionados aos nossos queridos amigos de quatro cascos. Desta forma, penso que, assim como devemos reconhecer nosso percurso antes de adentrarmos uma pista, devo apresentar-me, mesmo que brevemente, a todos vocês.  

            O ponto de partida do meu percurso inicia, aproximadamente, aos 8 anos de idade, quando tive minha primeira aula de equitação em Porto Alegre. De aí em diante, foram competições, alegrias, dificuldades, aprendizagem, enfim, tudo aquilo que só a prática de um esporte, aliada à convivência com um cavalo, pode proporcionar à formação pessoal de alguém. Tudo isto só contribuiu para a minha opção pela carreira de Professora de Educação Física, para a qual busquei minha formação na Escola de Educação Física da nossa Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

            Durante o curso, conheci a Equoterapia, onde descobri mais um espaço e uma oportunidade para aliar duas paixões: os cavalos e a Educação Física. A partir daí, fiz os cursos da Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL) e realizei estágios voluntários na Argentina e no Brasil. Hoje, sou Equoterapeuta feliz e realizada no Centro de Equoterapia Cavalo Amigo, na Sociedade Hípica Porto Alegrense, há 3 anos.

            Para concluir minha graduação, meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) versou sobre aspectos históricos da prática do turfe em Porto Alegre. E é nesta área da História das Práticas Equestres em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul que dissertei durante o mestrado (http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/56768/000861427.pdf?sequence=1) e agora também escreverei durante o doutorado, o maior dos obstáculos a enfrentar até então em meu percurso.

            E, ainda em meio a este trajeto, não poderia deixar de me dedicar a conhecer, cada vez mais, acerca do motivo principal de nossas atividades: o cavalo. Assim, fiz cursos sobre “Horsemanship”, maneira pela qual sinto ser mais simples nossa comunicação com nosso companheiro de jornada. Da mesma forma, busquei o curso na Universidade do Cavalo, acerca da formação do profissional de equitação, o qual apresentou um programa muito inovador e importante para o mercado equestre. Um dos aspectos mais interessantes e enriquecedores do curso foi a abertura para todas as modalidades, possibilitando um intercâmbio de conhecimentos e identificações de pontos em comum entre todas. A formação do instrutor de equitação no Brasil também foi bastante discutida durante o curso.

            De tal modo, está aberta a porteira da pista... Convido-os a percorrer comigo cada lance de galope, de obstáculo a obstáculo, trocando ideias e impressões a cada novo texto aqui compartilhado. Afinal, também por isso nos encantamos pelo mundo do cavalo... porque sempre há algo mais a aprender a cada pé esquerdo encaixado em um estribo...

Ester Liberato Pereira
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)

Professora de Educação Física CREF 014183 – G/RS – Integrante equipe Centro de Equoterapia Cavalo Amigo – www.cavaloamigo.com.br
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)/Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Bolsista CAPES
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/                                                                                                                                                             



  Ester e Galante (Acervo Pessoal)