6 de abril de 2013



 

Hola, meus queridos amigos! Cá estou eu de novo para escrever-lhes em meu espaço mensal aqui no Blog da Escola de Equitação Vida a Cavalo.

Neste mês, gostaria muito de compartilhar com vocês a oportunidade, a honra e a felicidade que tive de ter conhecido e montado no lombo da querida éguinha chamada “Bá”. Inicialmente, por si só, seu curioso nome já desperta nossa imaginação... Afinal, por que será que uma égua teria esse nome?...

Pois bem, conto-lhes: quando ela chegou à escola de equitação, estava tão fraquinha, descuidada e suja, em função de seu passado de maus tratos, que meu professor, como bom representante sul-rio-grandense, não conseguiu dizer outra palavra, se não: “Bá...”!!!!.....  Não preciso dizer mais nada, né...?! Meu professor acabava de empregar a expressão “bá” no seu sentido mais pejorativo, dentre os milhares de significados de “bá” possíveis (positivos ou negativos), dependendo da entonação, etc, etc.

Porém, apesar deste “bá” não tão hospitaleiro, esta éguinha pareceu agarrar-se com tudo nesta nova oportunidade que surgia em sua vida. Começou a fortalecer-se (fisicamente e mentalmente), a ter o pêlo e o semblante brilhosos. E percebeu que não só os alunos que passavam a montá-la estavam ali para aprender: ela também tinha um mundo de novidades para assimilar e...aprender. Isto porque, na escolinha de equitação, ela era a única éguinha que não saltava (ainda) sobre os obstáculos. Eu, então no auge de meus nove anos de idade, adorava montá-la, apesar disto, pois ela era de uma leveza e de um conforto em suas andaduras que qualquer outro porém era compensado. Além disto, minha identificação com ela também se justificava pelo fato de eu ainda estar processando o que significava saltar, em termos físicos, emocionais, etc, etc. E ela também.

Até que, em um belo dia de aula em que eu montava na “Bá”, meu professor disse: “Vamos lá! Vamos saltar!”. Bom, até eu entender e aceitar que não se tratava de uma brincadeira, “pegadinha”, ou coisa parecida, pois, até então, o fato de a “Bá” não saltar era decreto incontestável, meus nervos já me consumiam toda e qualquer concentração. Pois bem, se tem uma coisa que o esporte ensina é ter coragem, preparar-se e “já”! E lá fomos nós: a “Bá” e eu para a nossa primeira curva que antecedia nosso primeiro obstáculo a transpor juntas. Aqui, faço um parênteses, pois, quem salta deve sentir isto também: a curva que antecede um obstáculo é divina...desde o olhar já fixo no obstáculo, calculando o raio perfeito da curva com a física do instinto, do coração, e os lances de galope da reta final, esperando que o obstáculo chegue, até a confirmação do salto, com o aumento da pressão de pernas e o voo, quando os anteriores do cavalo decolam, aí reside algo que não sei...não sei se é arte, divindade, ciência..não sei...talvez a graça esteja aí mesmo...em não saber definir...apenas sentir...

E foi exatamente isto que senti saltando com a “Bá” desde nossa primeira curva juntas. E é por isso que até hoje, quase 20 anos mais tarde, ainda lembro a sensação...a visão daquele pescoço negro e crinas fartas esvoaçantes e a alegria que ela me proporcionava, me carregando para o alto...E foi com esse sentimento de satisfação, diversão, que algumas medalhas vieram. E, independentemente da cor de qualquer medalha, quando ela é conquistada assim, com estes sentimentos, nada pode valer mais...Para mim, isto é o ápice em um esporte...esta sensação do encantamento e deleite pela prática em si...e o resultado...ah, o resultado é só consequência do sucesso desta parceria...quando ambas as partes selam um pacto no caminho do paddock até a porteira da pista: “Vamos nos divertir!”...

“Bá”, agora, mais do que o nome desta égua que tanto me ensinou, é também a única expressão que encontro para definir, de uma forma mais ou menos fiel, a liberdade de saltar com a...”Bá”...Quando não se consegue dizer mais nada além disto...

 

Qualquer sugestão, crítica, troca de informações e opiniões, é só escrever! Deixo aqui meu e-mail para quem quiser entrar em contato: ester_lp@yahoo.com.br

Espero que tenham tido um bom momento ao realizar esta leitura! Até o mês que vem! Desejo muito pé no estribo a todos!

 

Ester Liberato Pereira
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)

Professora de Educação Física CREF 014183 – G/RS – Integrante equipe Centro de Equoterapia Cavalo Amigo – www.cavaloamigo.com.br
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) /Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Bolsista CAPES
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/ 

 


                                                               Bá e Ester(Acervo Pessoal)
 


 

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