28 de fevereiro de 2013


A História do Hipismo

 

O hipismo é a única modalidade  em que atleta e animal formam um conjunto. E a importância de cada um é de tal forma dividida que o hipismo também é um dos poucos esportes em que homens e mulheres competem uns contra os outros. A história da modalidade se confunde com a história da própria civilização, quando o homem começou a usar o cavalo como meio de locomoção e passou a adestrá-lo. Mas foi só em 1921 que foi criada a Federação Eqüestre Internacional. A esta altura, o hipismo já era largamente praticado em suas três categorias.

Saltos é a categoria mais conhecida e, dependendo da competição, ganha quem percorrer um trajeto determinado no menor tempo possível, derrubar o menor número possível de obstáculos ou somar o maior número de pontos. No adestramento, o vencedor é determinado por uma avaliação de juízes, que julgam as performances nos movimentos obrigatórios e na coreografia livre. Por fim, o concurso completo de equitação (CCE) é uma categoria cuja disputa dura três dias, envolvendo adestramento, prova de fundo (subdividida em quatro etapas) e saltos.

Amizade entre o homem e o cavalo remonta os princípios da civilização, quando o animal começa a ser usado como meio de locomoção. Conduzindo os soldados nas guerras, participando das famosas caçadas à Inglaterra. 
O cavalo sempre foi presença obrigatória e bem amada na vida do homem. Hoje, raramente ele puxa um arado, foi substituído pelo automóvel . E cavalgar transformou-se num esporte: o hipismo praticado por homens,mulheres e crianças.

Esporte conhecido pela elegância , o hipismo surgiu do costume de nobres europeus, especialmente ingleses, de praticarem a caça à raposa, quando os cavalos precisavam saltar troncos, riachos, pequenos barrancos e outros obstáculos que os caçadores encontravam pelas florestas. O desenvolvimento da atividade ocorreu no século XX, com a criação das primeiras pistas com obstáculos exclusivamente para a prática de saltos.

O esporte tem como linha básica para um bom resultado a integração entre o conjunto (cavaleiro/cavalo). E com o passar do tempo o comportamento do cavaleiro foi mudando, buscando facilitar o trabalho do animal. Inicialmente, o montador ficava com o corpo na vertical, forçando o seu equilíbrio nas rédeas e no estribo.

No final do século XIX, o italiano Frederico Caprilli decidiu deixar a cabeça e o pescoço da montaria livres, sem alterar o equilíbrio do cavalo no instante do salto. Atualmente, os cavaleiros mantém o corpo inclinado para a frente, acompanhando a direção do animal na transposição do obstáculo.

O hipismo fez parte do programa da primeira Olimpíada da Era Moderna, em 1896, em Atenas, como esporte de demonstração. Entretanto, somente foi incorporado definitivamente aos Jogos Olímpicos em 1912, em Estocolmo. 
Uma característica particular do hipismo é que homens e mulheres podem competir juntos com as mesmas possibilidades de vitória, diferentemente de outros esportes, em que a performance masculina é superior devido à maior força física. Além da categoria da amazona ou cavaleiro e da integração entre animal e condutor, o importante é contar com uma montaria saudável e bem condicionada. Sem divisão por sexo, os competidores são separados conforme a idade: minimirim (oito a 12 anos), mirim (12 a 14), juniores (14 a 18) e seniores (acima de 18). As entidades que dirigem o esporte costumam utilizar também as seguintes sub divisões: principiantes, aspirantes, jovens cavaleiros, seniores novos, veteranos e proprietários.

Além do salto, os esportes eqüestres têm outras modalidades. Nos Jogos Olímpicos são disputados também o adestramento, (em que o cavalo executa movimentos cadenciados, em perfeita harmonia com o cavaleiro); concurso completo de equitação, (disputado em três dias com provas de adestramento, corrida no campo com obstáculos naturais e artificiais, de resistência ao trote e salto); enduro, entre outros.


9 de fevereiro de 2013


O CAVALO

 

Buenas, meus queridos amigos! É com muito prazer que volto a escrever-lhes em meu espaço mensal aqui no Blog da Escola de Equitação Vida a Cavalo.

E, neste mês, é justamente acerca do nosso amigo cavalo que eu gostaria de discorrer um pouco e compartilhar aqui com vocês. Em meio às minhas leituras aqui, deparei-me com as palavras do naturalista, matemático e escritor francês Georges-Louis Leclerc, mais conhecido como conde de Buffon, que viveu entre 1707 e 1788. Compartilho aqui com vocês tais palavras:

O cavalo

            “A mais nobre conquista do homem é o cavalo, animal generoso e garboso, que compartilha com ele os riscos da guerra e a glória das batalhas. Afronta intrépido os perigos, acostuma-se ao barulho das armas e anima-se paralelamente ao guerreiro que o guia. Animal tão dócil como enérgico, não se deixa levar pelo seu ardor; sabe reprimir seus movimentos, obedece à mão de quem o governa e até adivinha os seus desejos; cedendo com precisão admirável aos impulsos que recebe, precipita-se, acalma-se ou para e não dá um passo que não seja para satisfazer os referidos impulsos; é um animal que renuncia ao seu próprio ser; não vive mais senão para satisfazer a vontade do seu dono e até prever essa vontade, expressando-a com a rapidez e precisão de seus movimentos. Compreende o que dele se solicita e nunca se excede ao realizar o que se lhe ordena; abandonado sem reservas, nada reclama e no cumprimento de seu dever emprega todas as suas energias até esgotá-las e, se for preciso, sabe morrer para obedecer melhor”. (Buffon)

            Dentre tantos aspectos que podemos debater acerca deste texto, escrito no século XVIII, percebemos, primeiramente, o quanto a parceria homem-cavalo já estava consolidada neste período, especialmente na Europa. Porém, mesmo considerando que o texto foi escrito há muito tempo, e que, em decorrência, expressa o entendimento que se tinha na época acerca da relação homem-cavalo, algo segue em comum até hoje: estabelecer uma relação saudável, positiva e clara com um cavalo, foi, é e seguirá sendo uma conquista e tanto para um ser humano. Isto porque, como diz nossa sábia médica veterinária Denise Bicca Fernandes, ao envolvermo-nos com um cavalo, tornamo-nos seres humanos melhores, encontramos significado maior na vida e, ainda, fazemos do mundo um lugar melhor (FERNANDES, 2009b).

            Contudo, algo expresso no texto de Buffon e que, atualmente, já superamos, é a noção de que a associação do cavalo ao ser humano deva existir dentro dos limites da obediência. Ao contrário, hoje, já temos consciência, conhecimento e sensibilidade suficientes para saber que a agregação do cavalo conosco deve ocorrer por vontade livre dele, na qual o desempenho do cavalo pode crescer até seu potencial máximo (FERNANDES, 2009a).

Ao referir-se a “adivinhar os desejos de seu dono”, “precisão dos impulsos”, provavelmente, Buffon está considerando a percepção aguçada que os cavalos possuem, uma vez que são animais de fuga. Cavalos são tão sensitivos que podem detectar alterações proprioceptivas (de equilíbrio) que um cavaleiro faz inconscientemente, apenas por modificar o foco visual, mesmo que este não faça movimentos conscientes. Daí, possivelmente, a sensação de que nosso cavalo está “adivinhando” a nossa próxima intenção de movimento, quando, na verdade, trata-se de sua sensibilidade extremamente aguçada.

É também graças a outra característica do cavalo que conseguimos tê-lo como aliado em tantas e diversas atividades: seu aprendizado veloz. Uma presa, em seu estado natural, como é o cavalo, precisa aprender rapidamente a distinguir do que deve fugir e do que não precisa fugir, a fim de economizar energia para quando o perigo realmente estiver por perto. Assim, dentre os animais domésticos, é aquele que aprende mais rápido (FERNANDES, 2009). Somente desta forma é que é possível explicar sua capacidade, por exemplo, de acompanhar os homens nas guerras e batalhas, de que fala o texto de Buffon. Ao aprender o que se espera dele em um ambiente hostil destes, bem como, o que lhe causa perigo e o que não lhe causa temor, o cavalo conseguia enfrentar tais desafios, assim como atualmente, compor parte das atividades das polícias montadas.

Ainda em tempo, em seu texto, o autor francês ainda deixa clara uma compreensão da qual devemos lembrar sempre ao estarmos próximos de um cavalo e observarmos suas ações: o cavalo possui uma capacidade enorme de perdoar, de tentar entender o que querem que ele faça/não faça, enfim, o que esperam dele, mesmo sem, muitas vezes, minimamente tentarem entender e expressar na sua linguagem, que é a linguagem corporal, a qual Monty Roberts, conhecido como o “encantador de cavalos”, batizou de Equus (ROBERTS, 2003).

Portanto, seja no século XVIII ou no século XXI, algo há em comum: ainda temos muito que aprender com esses nossos amigos de crinas e caudas...

Poderíamos seguir aqui discutindo muito ainda sobre a riqueza deste texto de tanto tempo atrás e de tudo que ainda persiste e daquilo que o ser humano, mesmo que paulatinamente, já conseguiu atualizar-se e compreender melhor. O que segue nos motivando é que ainda há muito que aprender quando se fala em... cavalo...

Qualquer sugestão, crítica, troca de informações e opiniões, é só escrever! Deixo aqui meu e-mail para quem quiser entrar em contato: ester_lp@yahoo.com.br

Espero que tenham tido um bom momento ao realizar esta leitura! Até o mês que vem! Desejo muito pé no estribo a todos!

 

Referências:

 

          FERNANDES, Denise Bicca. Apostila Curso Gallop Natural Horsemanship. Porto Alegre, CD-ROM, 2009a.

 

          FERNANDES, Denise Bicca. Comunicação = avenida de duas mãos. 2009b. Disponível em: http://www.horsemanship.com.br/index.php. Acesso em: 21 jun. 2010.

 

          ROBERTS, Monty. O homem que ouve cavalos. Tradução de Fausto Wolff; revisão técnica, Laura Rossetti Barretto Ribeiro. – 5ª ed. – Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 350 p., 2003.

 

Ester Liberato Pereira
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)

Professora de Educação Física CREF 014183 – G/RS – Integrante equipe Centro de Equoterapia Cavalo Amigo – www.cavaloamigo.com.br
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) /Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)

Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Bolsista CAPES
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/ 

 

Vagalume e Ester (Acervo Pessoal )