BÁ
Hola, meus
queridos amigos! Cá estou eu de novo para escrever-lhes em meu espaço mensal
aqui no Blog da Escola de Equitação Vida a Cavalo.
Neste mês, gostaria muito de compartilhar com vocês a
oportunidade, a honra e a felicidade que tive de ter conhecido e montado no
lombo da querida éguinha chamada “Bá”. Inicialmente, por si só, seu curioso
nome já desperta nossa imaginação... Afinal, por que será que uma égua teria
esse nome?...
Pois bem, conto-lhes: quando ela chegou à escola de
equitação, estava tão fraquinha, descuidada e suja, em função de seu passado de
maus tratos, que meu professor, como bom representante sul-rio-grandense, não
conseguiu dizer outra palavra, se não: “Bá...”!!!!..... Não preciso dizer mais nada, né...?! Meu
professor acabava de empregar a expressão “bá” no seu sentido mais pejorativo,
dentre os milhares de significados de “bá” possíveis (positivos ou negativos),
dependendo da entonação, etc, etc.
Porém, apesar deste “bá” não tão hospitaleiro, esta éguinha pareceu
agarrar-se com tudo nesta nova oportunidade que surgia em sua vida. Começou a
fortalecer-se (fisicamente e mentalmente), a ter o pêlo e o semblante
brilhosos. E percebeu que não só os alunos que passavam a montá-la estavam ali
para aprender: ela também tinha um mundo de novidades para assimilar
e...aprender. Isto porque, na escolinha de equitação, ela era a única éguinha
que não saltava (ainda) sobre os obstáculos. Eu, então no auge de meus nove
anos de idade, adorava montá-la, apesar disto, pois ela era de uma leveza e de
um conforto em suas andaduras que qualquer outro porém era compensado. Além
disto, minha identificação com ela também se justificava pelo fato de eu ainda
estar processando o que significava saltar, em termos físicos, emocionais, etc,
etc. E ela também.
Até que, em um belo dia de aula em que eu montava na “Bá”, meu professor
disse: “Vamos lá! Vamos saltar!”. Bom, até eu entender e aceitar que não se
tratava de uma brincadeira, “pegadinha”, ou coisa parecida, pois, até então, o
fato de a “Bá” não saltar era decreto incontestável, meus nervos já me
consumiam toda e qualquer concentração. Pois bem, se tem uma coisa que o
esporte ensina é ter coragem, preparar-se e “já”! E lá fomos nós: a “Bá” e eu
para a nossa primeira curva que antecedia nosso primeiro obstáculo a transpor
juntas. Aqui, faço um parênteses, pois, quem salta deve sentir isto também: a
curva que antecede um obstáculo é divina...desde o olhar já fixo no obstáculo,
calculando o raio perfeito da curva com a física do instinto, do coração, e os lances
de galope da reta final, esperando que o obstáculo chegue, até a confirmação do
salto, com o aumento da pressão de pernas e o voo, quando os anteriores do
cavalo decolam, aí reside algo que não sei...não sei se é arte, divindade,
ciência..não sei...talvez a graça esteja aí mesmo...em não saber
definir...apenas sentir...
E foi exatamente isto que senti saltando com a “Bá” desde nossa primeira
curva juntas. E é por isso que até hoje, quase 20 anos mais tarde, ainda lembro
a sensação...a visão daquele pescoço negro e crinas fartas esvoaçantes e a
alegria que ela me proporcionava, me carregando para o alto...E foi com esse
sentimento de satisfação, diversão, que algumas medalhas vieram. E,
independentemente da cor de qualquer medalha, quando ela é conquistada assim,
com estes sentimentos, nada pode valer mais...Para mim, isto é o ápice em um
esporte...esta sensação do encantamento e deleite pela prática em si...e o
resultado...ah, o resultado é só consequência do sucesso desta
parceria...quando ambas as partes selam um pacto no caminho do paddock até a
porteira da pista: “Vamos nos divertir!”...
“Bá”, agora, mais do que o nome desta égua que tanto me ensinou, é também
a única expressão que encontro para definir, de uma forma mais ou menos fiel, a
liberdade de saltar com a...”Bá”...Quando não se consegue dizer mais nada além
disto...
Qualquer sugestão, crítica, troca de informações e
opiniões, é só escrever! Deixo aqui meu e-mail para quem quiser entrar em
contato: ester_lp@yahoo.com.br
Espero que tenham tido um bom momento ao realizar
esta leitura! Até o mês que vem! Desejo muito pé no estribo a todos!
Ester Liberato Pereira
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)
Professora
de Educação Física CREF 014183 – G/RS – Integrante equipe Centro de
Equoterapia Cavalo Amigo – www.cavaloamigo.com.br
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) /Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) /Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)
Doutoranda do Programa de
Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação
Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Bolsista CAPES
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/