24 de janeiro de 2013
10 de janeiro de 2013
UMA PRÁTICA
CULTURAL-ESPORTIVA SUL-RIO-GRANDENSE
Convido-os a
iniciar nosso percurso de trocas de conhecimentos, informações, ideias,
experiências e opiniões trazendo à tona uma das primeiras manifestações de
práticas equestres com elementos de esportivização em nosso Estado: as corridas
de cavalos em cancha reta, ou carreiras de cancha reta, como ficaram mais
conhecidas. Apesar de esta prática constituir, durante muito tempo, o
jogo preferencial dos homens que viviam nos campos gaúchos, ocorria também em nossa capital do Rio
Grande do Sul: Porto Alegre. Segundo Golin (2004, p. 82), tais disputas faziam
parte de negócios que envolviam significativos montantes em dinheiro e, simultaneamente,
das brincadeiras típicas regionais do Rio Grande do Sul.
Já Rozano e Fonseca (2005, p. 34) acrescentam à
definição para carreiras de cancha reta o fato de estas ocorrerem em
pistas retas, sob a medida de quadras, em cancha capinada, ou seja, num solo
sem vegetação. Ainda de acordo com os autores, tais disputas se configuraram
como a forma de lazer mais bem-reconhecida que o Rio Grande do Sul possuiu
durante muito tempo, encontrando seus principais fatores de sucesso nas
numerosas apostas e no massivo público que as prestigiava. A apreciação do
gaúcho pelo cavalo remonta à formação do Rio Grande do Sul enquanto Estado,
encontrando-se este admirável animal sempre em cumplicidade com o homem, em
tempos de guerra ou de paz (DREYS, 1990, p. 123).
Caracterizado como arrojado e amante do jogo e da
bebida, o gaúcho “faz uma espécie de simbiose com o cavalo com o qual se
desloca pelo pampa, com velocidade e destreza” (PESAVENTO, 2003, p. 213). Neste
sentido, Rozano e Fonseca (2005, p. 34) atentam para o fato de que o cavalo já
estava presente nos campos gaúchos desde o ano de 1737, ou seja, antes mesmo da
fundação oficial da primeira povoação portuguesa na capitania do Sul. Importa
destacar ainda que a definição desse território de fronteiras como propriedade
brasileira está relacionada ao fato de que homens, montados a cavalo, ocuparam
e defenderam tal espaço ao longo de muitas batalhas.
Destarte, o cavalo fez parte da história do Rio
Grande do Sul durante suas diversas fases de ocupação, colonização e
crescimento econômico. Já nos tempos de paz, as cavalhadas e corridas de cavalo
se transformavam em oportunidades de diversão e entretenimento dos gaúchos.
Atualmente, a quantidade de canchas de carreira diminuiu
significativamente, restando destas alguns poucos exemplares localizados
em determinadas cidades do Interior do Estado, como Bagé e
Carazinho, por exemplo.
Durante todo o século XIX, o que predominara em
termos de práticas entre os porto-alegrenses foram atividades lúdicas em recinto
fechado: o teatro, a música, o baile, o recitativo, os bilhares e a antiga
paixão ibérica do carteado. A população da pequena cidade de Porto Alegre,
limitada por morros e por ruas estreitas, restringia-se a divertimentos
urbanos, permanecendo a maior parte do tempo no interior de suas casas. A
exceção ficava por conta dos imigrantes alemães e de seus descendentes, que se
mostravam afeitos à ginástica e ao tiro ao alvo, e, posteriormente, ao remo. De
meados do século XIX até a virada para o século XX, no que se refere ao lazer e
às diversões ao ar livre, só há registros da presença do antigo costume gaúcho
das carreiras de cancha reta. Tal forma de manifestação esportiva
é, assim, condizente com a estrutura rural predominante da cidade, como anteriormente
exposto a partir das ideias de Rozano e Fonseca (2005, p. 17).
Posteriormente, mais ao final do século XIX, mesmo atravessado
pelos impulsos do desenvolvimento e pelas melhorias urbanas, buscava-se, neste
cenário, uma maneira de conciliar a antiga paixão dos gaúchos: as corridas de
cavalo. Rozano e Fonseca (2005, p. 36) referem que antes mesmo da inauguração
do primeiro prado em Porto Alegre, muitas disputas ocorriam em trechos de
estradas que davam acesso à cidade, ou seja, nas periferias ou mesmo em alguma
várzea.
Bom, esta foi uma breve síntese de tudo o que se pode
discutir acerca deste tema. Qualquer sugestão, crítica, troca de informações e
opiniões, é só escrever! Deixo aqui meu e-mail para quem quiser entrar em
contato: ester_lp@yahoo.com.br
Espero que tenham gostado da leitura! Até o mês que
vem! Boas cavalgadas a todos!
Referências:
DREYS, N. Notícia
descritiva da Província de São Pedro do Sul. Porto Alegre: Nova Dimensão,
1990.
GOLIN, T. O povo do
pampa: uma história de 12 mil anos do Rio Grande do Sul para adolescentes e
outras idades. 3. ed. Passo Fundo: Ed. da UPF, 2004.
PEREIRA, Ester Liberato. As práticas equestres em Porto Alegre: percorrendo
o processo da esportivização. -- 2012. 156 f . Dissertação (Mestrado) -- Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Programa de
Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano, Porto Alegre, BR-RS, 2012.
Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/56768/000861427.pdf?sequence=1>
PEREIRA, Ester; LYRA,
Vanessa; MAZO, Janice. Corridas de cavalo em cancha reta em Porto Alegre
(1852/1877): uma prática cultural-esportiva sul-rio-grandense. In: Revista
da Educação Física/UEM. Maringá, v.21, n.4, 2010. Disponível em: <http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/viewFile/8164/6770>
PESAVENTO, S. J. (Org.). História
cultural: experiências de pesquisa. Porto Alegre: Ed. da UFRGS, 2003.
ROZANO, M.; FONSECA, R.
(Org.). História de Porto Alegre: Jockey Club. Porto Alegre: Nova Prova,
2005.
Ester Liberato Pereira
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)
Professora
de Educação Física CREF 014183 – G/RS – Integrante equipe Centro de
Equoterapia Cavalo Amigo – www.cavaloamigo.com.br
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) /Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) /Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)
Doutoranda do Programa de
Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação
Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Bolsista CAPES
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/
RECONHECENDO UM
PERCURSO
Olá amigos e amigas da
Escola de Equitação “Vida a Cavalo”! É com muito prazer que recebi e aceitei o
convite dos meus amigos Upi, Alex e Otávio para compartilhar aqui com vocês, a
partir deste ano, mensalmente, textos que envolvam nossos amigos cavalos.
Tive a honra de conhecer
os 3 (o Otávio ainda na barriguinha de sua mãe) ao sermos colegas da primeira
edição do Curso de Formação de Instrutores de Equitação da Universidade do
Cavalo (UC), em Sorocaba (SP), em fevereiro de 2011. A partir de então,
identificamo-nos não somente como sul-rio-grandenses e gaúchos, mas também como
amigos.
Portanto, por meio deste
espaço, vislumbro poder contribuir com todos vocês para compartilharmos
conhecimentos e experiências relacionados aos nossos queridos amigos de quatro
cascos. Desta forma, penso que, assim como devemos reconhecer nosso percurso
antes de adentrarmos uma pista, devo apresentar-me, mesmo que brevemente, a
todos vocês.
O ponto de partida do
meu percurso inicia, aproximadamente, aos 8 anos de idade, quando tive minha
primeira aula de equitação em Porto Alegre. De aí em diante, foram competições,
alegrias, dificuldades, aprendizagem, enfim, tudo aquilo que só a prática de um
esporte, aliada à convivência com um cavalo, pode proporcionar à formação
pessoal de alguém. Tudo isto só contribuiu para a minha opção pela carreira de
Professora de Educação Física, para a qual busquei minha formação na Escola de
Educação Física da nossa Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Durante o curso, conheci
a Equoterapia, onde descobri mais um espaço e uma oportunidade para aliar duas
paixões: os cavalos e a Educação Física. A partir daí, fiz os cursos da
Associação Nacional de Equoterapia (ANDE-BRASIL) e realizei estágios
voluntários na Argentina e no Brasil. Hoje, sou Equoterapeuta feliz e realizada
no Centro de Equoterapia Cavalo Amigo, na Sociedade Hípica Porto Alegrense, há
3 anos.
Para concluir minha
graduação, meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) versou sobre aspectos
históricos da prática do turfe em Porto Alegre. E é nesta área da História das
Práticas Equestres em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul que dissertei durante
o mestrado (http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/56768/000861427.pdf?sequence=1)
e agora também escreverei durante o doutorado, o maior dos obstáculos a
enfrentar até então em meu percurso.
E, ainda em meio a este
trajeto, não poderia deixar de me dedicar a conhecer, cada vez mais, acerca do
motivo principal de nossas atividades: o cavalo. Assim, fiz cursos sobre “Horsemanship”, maneira pela qual sinto
ser mais simples nossa comunicação com nosso companheiro de jornada. Da mesma
forma, busquei o curso na Universidade do Cavalo, acerca da formação do
profissional de equitação, o qual apresentou
um programa muito inovador e importante para o mercado equestre. Um dos
aspectos mais interessantes e enriquecedores do curso foi a abertura para todas
as modalidades, possibilitando um intercâmbio de conhecimentos e identificações
de pontos em comum entre todas. A formação do instrutor de equitação no Brasil também
foi bastante discutida durante o curso.
De tal modo, está aberta a porteira
da pista... Convido-os a percorrer comigo cada lance de galope, de obstáculo a
obstáculo, trocando ideias e impressões a cada novo texto aqui compartilhado. Afinal,
também por isso nos encantamos pelo mundo do cavalo... porque sempre há algo
mais a aprender a cada pé esquerdo encaixado em um estribo...
Ester Liberato Pereira
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)
Instrutora de Equitação formada pela Universidade do Cavalo (UC)
Professora
de Educação Física CREF 014183 – G/RS – Integrante equipe Centro de
Equoterapia Cavalo Amigo – www.cavaloamigo.com.br
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)/Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)
Especialista em Equoterapia pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP)/Curitiba
Mestre em Ciências do Movimento Humano (UFRGS)
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação
em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH) da Escola de Educação Física (ESEF) da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Bolsista CAPES
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/
Membro do Núcleo de Estudos em História do Esporte e da Educação Física (NEHME) da ESEF/UFRGS - http://www.ufrgs.br/nehme/
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